domingo, 21 de setembro de 2014

No meio da noite, quando a fome bate !











Quando você se aposenta, mesmo sem sentir, começa a mudar, aos poucos  os seus hábitos,  sendo que um deles  o horário do almoço e também do lanche da tarde . Almoça às 11,30 , lancha às 17,30 e liga a TV , assiste um programa policial enquanto aguarda o televisivo da noite e um pouco depois, sente que precisa comer alguma coisa e volta a abrir  porta da geladeira e pegar um petisco qualquer para enganar o estômago  porque novo lanche não dá . À noite é preciso comer pouco , e repetir o lanche engorda. Coisa desagradável !
...
Também tem aquele dia que você sai à tarde e por um motivo qualquer volta um pouco mais tarde para casa, morrendo de fome , ataca a geladeira, come um pouco demais e fica empaturrado arrotando pelos cantos da casa , escondido,  porque, na nossa cultura, isso é muito feio... Não resta outro jeito que se juntar ao pessoal de casa em frente ao TV que transmite os programas chatos de sempre, salvado-se apenas os televisivos. Se TV tivesse torneira, há certos dias em que, abrindo-a , sai sangue, pois é tanta desgraça que acontece ...
E também tem ocasiões em que você tem que sair à noite e volta tarde.
Veja o que aconteceu com Paulo, pessoa de certa forma agregada à nossa família , pois estava casado com um prima postiça da minha mulher. A criança fora adotada pelos seus tios.  O nome não é verdadeiro. O Paulo era advogado , bacharel ,  mas só no papel . Trabalhar mesmo, eu nunca soube que ele fez este esforço. O Seu grande golpe foi engravidar por antecipação e se casar com uma jovem cujos pais estavam bem de vida e tinham posses suficientes para sustentar o vagabundo e as besteiras que a filha adotiva sempre aprontava ! Um verdadeiro e contínuo festival ! Bem, mas o meu personagem nesta história, que é verídica, é o Paulo. Malandro velho e escolado deve ter aprontado algumas pelas ruas com velhos e novos amigos tomando algumas e deixando o tempo passar ,  a ponto de chegar em casa a alta hora da noite. A mulher estava dormindo  ele, ainda com o restinho de controle que podia administrar entrou em casa silenciosamente, tirou parte da roupa , tomou um copo com água,  porque estava com a boca seca e para ajudar a diluir  e se enfiou jeitosamente em baixo do cobertor. Adormeceu. Adormeceu pesado. Manguaça é brincadeira ?  A situação não estava boa entre o casal, de maneira que ele não queria muita confusão com a mulher. Adormeceu vencido pelo poder dos vapores etílicos . A noite passou e o sol tomou conta da face da terra , do nosso lado, é claro,  mandando a escuridão embora. Acordou sobressaltado com a mulher gritando quase que em desespero: Paulo, ô Paulo , onde está aquele prato de comida que estava na geladeira ? O que você fez com ele ? Ainda meio zonzo , meio assustado , respondeu: eu o comi ! Seu filho da puta , miserável , disse a mulher, aquela era a comida do cachorro !...

2 comentários:

Sarnelli disse...

Recebido por mail
Oi Bar! Como sempre, você escreve muito bem e me fez rir muito. É isso mesmo. Aqui o celular costuma incomodar as pessoas que estão no ônibus pois passam a escutar toda a vida dos cidadãos em fofocas abertas em voz alta!!! Continue escrevendo suas crônicas. Não é babaquice. Voce deveria escrever para o jornal. Aliás, será que alguém lê crônicas hoje em dia?? Um abraço. Duda

Anônimo disse...

Pobre Paulo! Ninguém merece comer a comida do cachorro por engano!
Sabe que o Paulo, da tua crônica, me levou a pensar em um outro amigo meu... Que um dia tomou um chá de sua geladeira sem saber que estava tomando a infusão para as compressas "anti-olheiras" da nora...
Grande abraço!
Bia