Quando
você se aposenta, mesmo sem sentir, começa a mudar, aos poucos os seus
hábitos, sendo que um deles o horário do almoço e também do lanche da
tarde . Almoça às 11,30 , lancha às 17,30 e liga a TV , assiste um programa
policial enquanto aguarda o televisivo da noite e um pouco depois, sente que
precisa comer alguma coisa e volta a abrir
porta da geladeira e pegar um petisco qualquer para enganar o
estômago porque novo lanche não dá . À
noite é preciso comer pouco , e repetir o lanche engorda. Coisa desagradável !
...
Também
tem aquele dia que você sai à tarde e por um motivo qualquer volta um pouco
mais tarde para casa, morrendo de fome , ataca a geladeira, come um pouco demais
e fica empaturrado arrotando pelos cantos da casa , escondido, porque, na nossa cultura, isso é muito feio...
Não resta outro jeito que se juntar ao pessoal de casa em frente ao TV que transmite
os programas chatos de sempre, salvado-se apenas os televisivos. Se TV tivesse
torneira, há certos dias em que, abrindo-a , sai sangue, pois é tanta desgraça
que acontece ...
E
também tem ocasiões em que você tem que sair à noite e volta tarde.
Veja
o que aconteceu com Paulo, pessoa de certa forma agregada à nossa família ,
pois estava casado com um prima postiça da minha mulher. A criança fora adotada
pelos seus tios. O nome não é verdadeiro. O
Paulo era advogado , bacharel , mas só
no papel . Trabalhar mesmo, eu nunca soube que ele fez este esforço. O Seu grande
golpe foi engravidar por antecipação e se casar com uma jovem cujos pais
estavam bem de vida e tinham posses suficientes para sustentar o vagabundo e as
besteiras que a filha adotiva sempre aprontava ! Um verdadeiro e contínuo
festival ! Bem, mas o meu personagem nesta história, que é verídica, é o Paulo.
Malandro velho e escolado deve ter aprontado algumas pelas ruas com velhos e
novos amigos tomando algumas e deixando o tempo passar , a ponto de chegar em casa a alta hora da
noite. A mulher estava dormindo ele,
ainda com o restinho de controle que podia administrar entrou em casa
silenciosamente, tirou parte da roupa , tomou um copo com água, porque estava com a boca seca e para ajudar a diluir e se enfiou
jeitosamente em baixo do cobertor. Adormeceu. Adormeceu pesado. Manguaça é brincadeira ? A situação não estava boa entre o casal, de maneira que ele
não queria muita confusão com a mulher. Adormeceu vencido pelo poder dos
vapores etílicos . A noite passou e o sol tomou conta da face da terra , do nosso lado, é claro, mandando a
escuridão embora. Acordou sobressaltado com a mulher gritando quase que em
desespero: Paulo, ô Paulo , onde está aquele prato de comida que estava na geladeira
? O que você fez com ele ? Ainda meio zonzo , meio assustado , respondeu: eu o
comi ! Seu filho da puta , miserável , disse a mulher, aquela era a comida do
cachorro !...
2 comentários:
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Oi Bar! Como sempre, você escreve muito bem e me fez rir muito. É isso mesmo. Aqui o celular costuma incomodar as pessoas que estão no ônibus pois passam a escutar toda a vida dos cidadãos em fofocas abertas em voz alta!!! Continue escrevendo suas crônicas. Não é babaquice. Voce deveria escrever para o jornal. Aliás, será que alguém lê crônicas hoje em dia?? Um abraço. Duda
Pobre Paulo! Ninguém merece comer a comida do cachorro por engano!
Sabe que o Paulo, da tua crônica, me levou a pensar em um outro amigo meu... Que um dia tomou um chá de sua geladeira sem saber que estava tomando a infusão para as compressas "anti-olheiras" da nora...
Grande abraço!
Bia
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