terça-feira, 8 de maio de 2012

Curtindo recordações ...e vendo o hoje !.


Morro da Sereia em foto de  08.05.2012

Visão do Morro da Paciência até o Morro da Sereia - 08.05.2012
Posted by Picasa
Esta foto me levou de volta à minha infância , quando eu morava no que chamávamos Rua da Sereia, onde o meu avô Pasquale construíu a sua casa no meio do nada e que, naquele tempo, dava frente para a avenida Getúlio Vargas, hoje conhecida oficialmente como avenida Ocêanica.  Da varanda da casa , se dominava toda a paisagem . Local aprazível,  inclusive tínhamos uma prainha particular com o piso cheio de pedras , mas isso não era problema. Meu avô usava tênis, aqueles vagabundos que existiam naquela época. Eu não ligava para isso e sim ,  para as mutucas que nadavam sob as solas dos nossos pés.  Foi por ali que vivi parte da minha infância pescando, tomando banhos de mar, arrancando pina-unas das pedras , correndo quando soava a sirene  anunciando uma nova explosão .. , empinando arraias , jogando bola na praia que hoje chamamos de Praia de Ondina.
A foto não está fazendo outra coisa que me mostrar , vista da Rua da Paciência, como a paisagem mudou ! Observe um espaço vazio entre as casas e uma ponta de pedra que ainda aparece – Aquele vazio, se deve à exploração da pedreira que ali existia e, certamente, deve existir ainda. Houve ali, uma intensa atividade na exploração da pedreira, até a sua proibição – aquele vão não existia  ! o Morro da Sereia descia suavemente em direção ao mar , terminando ali naquela ponta que vai até a maré ,  que a proibição fez com que ficasse. Provavelmente, intervenção da Marinha .

Claro que o Morro da Sereia não era o que é hoje. Falo dos anos 40 quando tudo ali era mato puro , quando ali se praticava um ritual e dos tempos em que a polícia ia atrás , porque também não era permitido ... havia ocasiões em que passávamos a noite inteira ouvindo o rufar cadenciado dos tambores.

Com a população crescendo e  com mais necessidade de moradias, sempre na cidade e, melhor ainda, mais perto do trabalho, começaram a surgir os primeiro barracos,  as primeiras construções , e foram sempre aumentando , mas ocupando apenas  uma parte do morro , aquela que dá para Ondina , até que saturou e hoje, visto de Ondina, oferece o o aspcto de um presépio...Uma parte do morro, ficou preservada e foi onde começaram a surgir as construções mais sofisticadas, até mesmo de luxo, ficando  dividido e apresentando diversas paisagens . Visto de Ondina, o Morro da Sereia tem muita semelhança com um presépio e os espaços estão todo ocupados...

Visto da Rua da Paciência , a paisagem já é diferente , mas dá para notar o espaço vazio que  a exploração da pedreira deixou, e até onde estão indo as construções que estão descendo a encosta do morro , que já chegaram até, onde poderiam chegar antes de  mergulhar no mar...

Voltando à pedreira , um detalhe : no meio de todo aquele imenso bloco de pedra detonado , que se destinou, como era costume, à construção de muros, paredões, alicerces, etc., havia uma caverna : “ o buraco da sereia ! “ .Até diziam que ela própria, vez por outra ia descansar ali...

Naquele  ponto , se concentravam pescadores profissionais com os seus varapaus ( bambu tratado ) e faziam boas pescarias. Bodiões, garoupas, beatrizes, barbeiros , saramonetes , dentões , etc. Em eterminadas épocas do ano , encostavam cardumes de xixarros, de garicemas , de taínhas , xaréus...

Depois, evidentemente, com a pesca à bomba, os peixes se afastaram . Havia um local agradável , uma caverna nas pedras , de pedras lisas , onde você podia se deitar , dentro do “ buraco , que era amplo “ e até mesmo tirar uma soneca, vislumbrando uma paisagem maravilhosa do verde mar de Salvador, ou azul ? Ou, ainda, das duas cores em sub tons ? Pois bem . Eu divido aquele morro em duas partes. E de fato está dividido porque há um grande muro que faz essa função. Hoje há uma ala popular e outra Vip. O Morro da  Sereia ,  sem o “ Buraco da Sereia”,  e, agora ,a parte do Morro da Paciência cujo acesso está sob controle dos proprietários de mansões milionárias , com direito a segurança e tudo !

 Era costume do velho Pasquale ficar na varanda para ver qual pescador passava e lhe dizia, por exemplo: Renato( um profissional da pesca que morava no Morro da Sereia) ,  pode trazer tudo o que pegar . 

Não demorava muito e o Renato voltava com uma variedade ... peixes frescos, pescados na hora , com cheiro de mar e gosto de mar ! E voltava para as pedras para novas tentativas... sempre com resultados positivos !

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