Era uma dia de sábado e eu tinha um
compromisso muito sério e com hora marcada com um grupo de amigos , mas ainda era relativamente muito cedo . O sol brilhava e a temperatura
estava agradável. Caminhei lentamente a estrada que separa a minha casa do
mercadinho DO GORDO, que não fica longe e, chegando lá, como de praxe ,os
cumprimentos e as brincadeiras de
sempre. O gordo havia cortado os cabelos num estilo muito elegante, pois ele é
vaidoso e gosta, demais de , parecer bonito e cheiroso. Simpático , até que ele
é , porque todo gordinho é boa gente e, como sempre, sorridente e dizendo umas e
outras, ia levando o seu negócio. Mas ,
como sempre, criticou a minha barba mal feita. Na verdade, já era uma barba de
dois dias e eu tenho mesmo problemas com os pelos do rosto. Não consigo,
ultimamente, encontrar um aparelho, apesar dos “ últimos lançamentos milionários
“ ,que fizeram encarecer a barba de todos os dias , que me faça uma barba satisfatória.
Provavelmente por ter uma barba rala, as lâminas, apesar da modernidade, não
pegam todos os fios e o resultado e uma barba mal feita , motivo para o Gordo
zombar de mim. Mas não ligo. Afinal, não tenho a vaidade, como ele , de querer
parecer bonito. Eu sou eu ele é ele e
pronto !
A entrada do mercadinho é um pouco
acanhada, porque no mesmo espaço estão
uma lanchonete, duas geladeiras e o balcão do caixa onde o Gordo se instala e
fica, aí sim, parecendo um rei... o rei do gelo ! Depois o espaço se amplia.
Éramos diversas pessoas e estávamos
numa conversa em que se misturavam diversos assuntos. Falava-se de pobreza ,
quando eu disse: não se incomodem, porque a Dilma vai deixar todo mundo pobre , com esse tal de ajuste fiscal que dá origem ao
aumento ou criação de novos impostos. Uma voz atrás de mim, disse: Não, eu amo a Dilma , não falem assim,
pois tudo o que eu tenho devo a ela, e
completou : não tenho mais nada . Risadas em geral. Viram como é divertido você
ir até o mercadinho comprar meia dúzia de bananas para o consumo do dia ? OU
mesmo até a padaria ? Sempre encontra alguém espirituoso. Pois é . Nestes
momentos, você sempre sente o calor do povo e, de quebra , ouve uma piadinha
que, no caso não seria uma piada. É fato que causa as consequências que estamos
começando a sofrer na carne, mas com o espírito brasileiro de levar tudo na
gozação, por mais arrochado que esteja. Uma loirinha gelada ameniza qualquer
situação !
Sarnelli, 05/09/15
Rio Vermelho, Salvador / Ba.
2 comentários:
Meu querido amigo!
Esta crônica está bem ao nosso gosto - pois fala de pessoas reais, de episódios reais, sem a atual chatice do "politicamente correto". De fato, mostra o que as pessoas sentem,pensam e vivenciam!
Quando fores ao Mercadinho do Gordo,faz lá alguma comprinha em meu nome, troca umas palavrinhas com ele por mim, para que eu me sinta ainda mais "baiana de alma".
Obrigada por esta crônica especial!
Grande abraço!
Bia
Realmente, o mercadinho do Gordo é um ponto de discussões acaloradas sobre tudo. Infelizmente a crise está tão grande que ele não vende mais fiado. Só mesmo fazendo piada de nossas desgraças para poder enfrentá-las no dia a dia.
Postar um comentário