domingo, 2 de novembro de 2014

Conversa sobre o Rio Vermelho






    Rio Vermelho, e o meu modo de enxergar os fatos. Pedra da Concha em duas imagens

Desde os tempos do primário que ouço histórias sobre o Caramuru e sobre o Rio Vermelho, bairro que, não por casualidade , tenho vivido a minha vida inteira e no qual, certamente , vou me apagar.  Aprendi o que nos quiseram ensinar do jeito que entenderam . Nos contaram, a mim e aos meus coleguinhas , uma historinha simples que nos ensinava um básico meio fantasioso...
Eu sempre tive algumas curiosidades que necessitavam ser satisfeitas. Hoje, volvendo o meu pensamento para o meu passado , sobre as histórias que me contaram, e coisas da infância, encuquei com um fato que mistura, novamente, fantasia e história de verdade mas que, no fim, vai dar certo. Apenas quero discorrer sobre ele expondo o meu ponto de vista e como eu acredito que o fato aconteceu.
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É claro que as terras sempre existiram, mesmo antes da chegada de Cabral, habitadas por gente da terra ,os índios, divididos em diversas tribos e cada qual com a sua própria cultura no seu próprio lugar. Estamos nos idos de 1510/1511 quando uma embarcação de tipo desconhecido naufragou nas alturas do bairro que hoje é o Rio Vermelho e apenas um dos viajantes logrou se salvar indo se refugiar, ou foi jogado pela maré, numa ilha de pedra localizada na foz de um rio   que fica a seco com a maré vazia. Descoberto , o náufrago , foi salvo e cuidado pelas belas índias  tupinambás que habitavam com a sua tribo no local que penso ser hoje seria a Mariquita . Passados os primeiros momentos, tudo entrou nos eixos e na normalidade . O naufrago , antes considerado um bicho surgido das profundezas do mar , passou a se dar bem com todos  , foi uma figura que viria , por um acaso do destino, a ser uma personalidade na historia da Bahia e do Brasil. Não se sabe ao certo se era português ou francês. Essa é a introdução . Ali,  quase 40 anos antes da fundação oficial da cidade de Salvador, que aconteceu em 29 de março de 1549 e que viria a ser a primeira capital do Brasil, se instalou um entreposto e um ponto de contato com contrabandistas franceses que traficavam o pau Brasil e tudo ficava a cargo  de Diogo Alvares Correia, apelidado de Caramuru , esse era o nome do náufrago que se instalou  nestas terras , onde exercia autoridade , falava francês e coordenava as operações. Gozava das benesses das  das índias ,  que tinham por ele um estranha preferência com relação aos índios da sua própria tribo ! Na sua chegada , no local, viviam os Tupinambás e a vida corria normal Até  chegada de Thomé de Souza para fundar a cidade de Salvador. Mas a nossa história não é essa. Aqui fica a pergunta: como surgiu o Rio Vermelho , como um bairro , quase 40 anos antes da fundação da cidade de Salvador? Pode ?
A não ser que se queira associar a fundação do bairro ao aparecimento do náufrago no local que hoje é o bairro do Rio Vermelho, refugiado numa rocha onde foi descoberto depois pelas índias, fato ocorrido entre 1.510/11 – então, em 2.0l0/2011 , o bairro estaria completando 500 anos ,  mas, a meu ver não foi assim . História à parte , Diogo Alvarez Correia é mais um capítulo da história baiana e brasileira. Ninguém descobriu o Rio Vermelho, mesmo porque não existia e porque surgiu naturalmente. A chegada Diogo Alvarez Correia à esta parte das terras descobertas , não pode significar que ele tenha sido um descobridor ou fundador. E sim, que foi apenas um náufrago que teve a sorte de se salvar e entrar num paraíso e na história da Bahia e do Brasil. Com ele ,  por aqui , a população começou a aumentar...
Em 2009 comemorou-se o aniversário de 500 anos do bairro do Rio Vermelho, com o que eu não concordo , após haver estudado vários aspectos da questão , as minhas contas são outras. O Bairro do Rio Vermelho não foi nem fundado nem descoberto por ninguém. À parte o valor , a importância histórica da figura do Diogo Alvarez Correia , eu, pessoalmente , não a reconheço nem como descobridora nem como fundadora do bairro que se desenvolveu normalmente a partir, no meu modo de ver, e do fato de  que , em 1557 , o terceiro governador geral do Brasil , Mem de Sá ,  estabelecia a aldeia do Rio Vermelho. A contar daí, somente em 2.057 o bairro faria ou fará . os seus 500 anos. No entanto temos um decreto municipal obtido por um vereador, que estabelece a data escolhida ou estimada  de 5 de outubro  que é a do aniversário, dos 500 anos tão discutidos  , que já foi comemorada . Mas tem anos que ela passa em branco,  dando a impressão de que tudo ficou esquecido...Que não importa mais... A data de 5 de outubro coincide com a da morte ( 05.19.1557 )do Diogo Alvarez Correia .
Cada  qual conta as suas histórias do jeito que sabe e essa é a minha maneira. Nem de longe , me passa pela cabeça fazer história, mesmo porque historiador , não sou. Ouço e repasso , mas, antes, penso um pouquinho... Aqui há fatos históricos que não podem  , de maneira alguma, ser  contrariados, mas , misturados e contados de uma maneira meia irreverente , expondo uma opinião pessoal que nada tem a ver com fatos reais . Apenas interpretação . Em tudo isto , a única coisa que eu poderia , ainda, desconfiar é como o náufrago , para assustar os índios, quando foi descoberto, desferiu um tiro certeiro num infeliz de um passarinho que teve, forçosamente, que interromper o seu vôo . Passou na hora errada , pelo lugar errado , mas entrou para a história , sendo ou não verdadeiro o fato. Foi isto que me passaram na escola e continuaram contando. Mas minha curiosidade quer saber com que arma e, se foi com pólvora molhada , que o homem conseguiu aquele tiro  ? Isso ainda me grila ! 

Mas me contaram que isso foi invencionice de um frei brincalhão para tornar a história mais interessante !

Sarnell, 01.11.14




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