Este é o tronco onde elas se instalaram.Aumente a foto e
você verá o orifício por onde elas transitam. Observe com
atenção !
As abelhinhas da Nonna Paola
Naquela
casinha branca de um andar só, onde não
tem escadas para subir nem para descer,
com janelas verdes, num bairro que antigamente
era sossegado, mora um casal idoso , que
vive sozinho , ocupando todos o espaços disponíveis da casa e ainda achando que são poucos...
Tem
tempo, muito tempo, que o casal mora no
mesmo endereço.
Quando ele foi morar na casinha branca, estilo bangalô , com as janelas verdes , na qual a luz do sol entra por todos os cantos, e a ventilação que vem do mar , é uma dádiva de Deus, ela estava longe da cidade , era quase como se fosse uma pacata vila do interior, mas, infelizmente , a cidade cresceu e engoliu todo o espaço que podia e a linda casinha viu-se, com o passar dos tempos, no meio da confusão que o crescimento e o progresso promoveu. Tem mais de 50 anos que marido e mulher com os filhos, hoje crescidos, moram no mesmo lugar. Criaram raízes e por isso estão tão acostumados que, apesar de terem sido engolidos pela cidade , não querem mais sair do bairro onde todos os conhecem e eles conhecem a todos. Viram crianças nascerem, que hoje são adultos, com filhos e até mesmo netos e netinhas. Durante mais de cinquenta anos no mesmo local, se criam muitas amizades. É um bom local e, ainda por cima, é perto da praia e de quase tudo , que é muito bonito e ainda tem um céu azul , lindo de morrer e a ventilação que vem do mar é muito boa.
Mas isto tem pouca importância aqui no caso.
Há muito tempo, quando vô e vó chegaram à casinha branca de janelas verdes, pode-se dizer que havia poucas casas e muito espaço no bairro e que até parecia uma cidadezinha do interior. Aos domingos e feriados colocávamos cadeiras na calçada e jogávamos dama e dominó e algumas vezes até mesmo xadrez. No decorrer das partidas, aqueles papos gostosos de vizinhos amigos, colocando em dia as notícias da semana.
Naquele tempo a televisão ainda não havia chegado à nossa cidade. Já existia, mas estava longe. No entanto, esta estorinha é mesmo das abelhinhas da vó Paola. Haviam, no jardim, na frente da casa , duas mudas de acácia que foram crescendo, crescendo e crescendo e se tornaram árvores adultas. Uma delas morreu há muitos anos, por sinal aquela em que os meninos tinham uma cabana como se fosse a casa de Tarzan . Só faltava mesmo a Jane e a macaca Chita . Mas a outra árvore ficou viva e continua até hoje bela e forte . Todos os anos é podada e ressurge cada vez mais vigorosa apesar de já ter mais de cinquenta anos. E floresce dando lindos cachos de acácia amarelas.A árvore fica linda com tantos cachos de flores pendentes , mas é uma vez só por ano...
Todas as pessoas da redondeza a admiram pela sua beleza e vô e vó se orgulham muito disso. Ela nos dá um outro benefício : uma sombra gostosa !..Até agora só contei da árvore , mas, se a estorinha é das abelhinhas ? Então vamos contar a parte das belhinhas da nonna Paola.
Num dia qualquer, que já vai muito longe no tempo, a vó viu uma nuvem de insetos em torno da árvore e depois ficou observando que, sempre no mesmo local , havia essa quantidade de insetos que voavam para todos os lados. Curiosa como são todas as mulheres , principalmente as vós, , achou que havia chegado o dia de verificar o que era aquilo. Aproximou-se da árvore mas não estava entendendo que insetozinhos eram aqueles? Pequenos como mosquitos , mas não incomodavam.
Aproximou-se mais da árvore e foi descobrir, sabem o que ? Que eram minúsculas abelhas que haviam feito uma colmeia dentro de um oco do tronco , mas de maneira interessante. Um pequeno orifício que servia de entrada e saída e elas moravam e trabalhavam lá dentro produzindo um mel que dizem ser uma maravilha mas que continua lá até hoje. São tão pequenas ,MS tão pequenas , que não dá para ver direito.Mas tem uma ou outra ocasião em que a gente consegue ver quando elas entram e saem por aquele buraquinho num constante vai e vem. Trabalham o dia todo indo e voltando e só param no fim da tarde início da noite. Não se sabe quantas abelhinhas estão naquele oco , não há como ter uma ideia.
Também não interessa. O que importa é que elas estejam ali . Aconteceu que num belo dia vó Paola se deu conta de que as abelhinhas haviam sumido. Nada de abelhinhas ! Durante muito tempo vó Paola ia diariamente até a árvore porque estava muito preocupada para ver se elas haviam voltado. Chegou um dia que o vô viu uma nuvem de insetos voando no entorno da árvore e foi correndo chamar a vó gritando: Paooolaaa, as abelhinhas voltaram ! Ela veio correndo muito feliz e foi logo conversar com as suas amiguinhas , como fazia e ainda faz todos os dias . Lá estão elas,morando na árvore sem pagar aluguel , mas trabalhando todos os dias sem descanso nos domingos e feriados. Lá dentro, no oco da árvore reina a Rainha com os seus zangões que não fazem nada, afinal a Rainha tem um exército de abelhinhas para trabalhar e fabricar o mel, intocado até hoje.
Todos os dias vô e vó fazem uma visita às abelhinhas para ver se está tudo em ordem e se estão por lá. Estão ! Quém passa pela árvore para dizer bom dia para as abelhinhas é um belo bem-te-vi que canta algumas vezes e alça vôo para eventualmente voltar no dia seguinte. Vez por outra , pára no quintal, estufa o peito e canta até não poder mais enquanto vô e vó apreciam.É um bem-te-vi de porte elegante e impressionante , tão impressionante que até parece um atleta. Costuma aparecer rapidamente também em dias de chuva e assusta os bicos de lacre e até as rolinhas que invadem o quintal.
Mas
tem uma coisa muito interessante na estória das abelhinhas.Elas são sabidinhas
e a estorinha não pode terminar sem contar o segredo que elas têm e que só vô e
vó sabem. Elas são muito disciplinadas e tudo é organizado. O buraquinho por
onde elas saem e entram, é apenas um orifício que fica aberto o dia inteirinho
mas é fechado à noite , acreditam ?
Lá pelas cinco da tarde o exército de abelhinhas começa a se recolher à colmeia. Logo depois que a última chega , orifício é fechado por dentro , certamente que com cera, para das proteção durante a noite. Na manhã seguinte , o orifício é aberto e começa tudo de novo.
Lá pelas cinco da tarde o exército de abelhinhas começa a se recolher à colmeia. Logo depois que a última chega , orifício é fechado por dentro , certamente que com cera, para das proteção durante a noite. Na manhã seguinte , o orifício é aberto e começa tudo de novo.
De manhãzinha elas abrem a saída do buraquinho, alçam vôo e repetem a rotina dos dias anteriores que será depois repetida indefinidamente, dia após dia.
As abelhinhas
são muito bonitinhas, trabalhadoras e espertas.
Bartolo
Sarnelli – Salvador/Bahia/Brasil. 11.10.2005
Um comentário:
Bartolo,
Simplesmente uma riqueza esta historinha! Digna de virar livro infantil, de ser contada às crianças por sua singeleza e pelos seus ensinamentos.
Escreves bem demais! Aprecio imensamente teu estilo!
Carinhoso abraço.
Bia
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